Em Caxias do Sul, Igor Cavalcante Medina, durante a mostra de dança 8º Caxia em Movimento, teve sua apresentação interrompida por Servidores da Guarda Municipal e socorristas do Samu, alegando que o artista estava tendo um susto psicótico. Ficou amarrada numa maca por 8 horas até que teve alta.
A polêmica teria iniciado pelo figurino utilizado, que estava envolvido em arame farpado. Medina esclarece que a roupa era segura e a performance não envolvia qualquer tipo de autoflagelação. "A prefeitura de Caxias do Sul informa que está apurando as informações sobre a abordagem ao bailarino da Cia. Municipal de Dança, realizada pela Guarda Municipal neste sábado (28/10). A partir desta segunda-feira (30/10), a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social (SMSPPS) começará a ouvir os relatos dos envolvidos para esclarecer a situação e dar os encaminhamentos necessários. Logo os fatos sejam esclarecidos, a prefeitura voltará a se manifestar oficialmente sobre o caso." nota oficial da prefeitura.
A performance de Igor Medina se chama Fim. e é descrita assim:
"O trabalho aborda a violência e põe o corpo em evidência para trazer à tona as diversas formas de brutalidade do cotidiano, sejam elas físicas ou psicológicas. Os corpos vão sendo envenenados até a total desumanização. Será que já não somos nada mais além de um mero pedaço de carne incapaz de sentir, incapaz de resistir, incapaz de se rebelar?"
Segundo relato, Igor afirmou: "Tentei explicar, mas eles repetiam que eu estava em surto psicótico e que tinha de ser levado para atendimento. Diziam que estavam me ajudando. Eu falava da autorização que tinha [no calção], mas não me ouviam. Me deram uma injeção de calmante, porque diziam que eu estava alterado. Quem estava alterado eram exatamente eles."
Este episódio, com Igor, evidencia que: (1) não é trivial expor ao público, em geral, um trabalho artístico que difere muito do que este público foi condicionado pelas mídias, porque algumas pessoas (que não sabem que um dos papeis da arte é conscientizar, possivelmente chocando) podem se sentir chocadas; (2) em geral, no meio do público há pessoas preconceituosas e maldosas (ou vulgarmente, que tem merda na cabeça) que agem deliberadamente para prejudicar o(s) artista(s) chamando as autoridades sob pretexto de que o espetáculo que está sendo mostrado fere as leis que regem a moral e os bons costumes. Vimos recentemente um exemplo disto nos comentários preconceituosos que algumas pessoas com vocação ao fascismo, a respeito a exposições em museus de arte.
ResponderExcluirEntão, quem planeja expor algum trabalho artístico ao público em geral tem que pensar no que escrevi acima. Talvez o artista de rua tenha que se munir de uma autorização explícita das autoridades (um tipo de alvará) para performar na rua para todos os públicos. E expor este alvará num tripé, no lugar que ele se apresentar. Esse esquema de alvará existe para músicos que tocam na rua em vários lugares, incluindo EUA e Canadá.